Um Olhar Sobre a Arte

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Zeca Baleiro - Bienal




Coloquei essa letra de música que é justamente uma sátira sobre o que é considerado arte hoje em dia.

Bienal
Zeca Baleiro
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta
Teu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
Ao cabo da revalorização da natureza morta
Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da gia
E muito mais feio que um hipopótamo insone
"Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno
Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana
Com a graça de Deus e Basquiá Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana
Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina
Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da siribrina
Desintegro o poder da bactéria
Com o clarão do raio da siribrina
Desintegro o poder da bactéria

O que é arte?

Uns dirão: arte é a expressão do sentimento, outros: é beleza...

Mas se analisarmos os diversos tipos de arte será que poderíamos dizer: os diversos tipos de beleza ?

Afinal, cada um de nós acredita em um conceito de beleza particular e único, tanto quanto acreditamos em um conceito particular de arte.

Assim, se vamos falar sobre Arte, é preciso primeiro que observemos uma certa cumplicidade de conceitos:

"Em todas as suas manifestações, a arte é uma expressão do sentir humano transformado em símbolos, não convencionais, que necessariamente não precisarão levar o observador a significados conceituais, pois antes de mais nada, a arte deve ser sentida e não pensada." Fátima Seehagen

Atualmente, quando a imitação e a cópia já atingiram as raias do absurdo, num tempo em que, para a grande maioria das pessoas, a arte é apenas encarada como lazer ou material de decoração, é comum se perguntar quais seriam os tipos de arte que existiram, existem ou ainda, caso não sobrevenha a morte da arte, existirão.

Cada cultura possui saberes, códigos e valores próprios condicionando os sistemas de comunicação. Também de indivíduo para indivíduo, mesmo sendo contemporâneos, a sua arte varia caracterizando a capacidade de representação, sensibilidade, personalidade e interesses de cada um.

Mesmo obras de um mesmo indivíduo, por vezes variam bastante de acordo com diversas condicionantes, como a experiência, vivências, estados de espírito, etc.
O produzir artístico nasce de uma observação apurada que, tanto pode ser dirigida para os aspectos externos quanto internos de algum fator, guiada pelos conceitos de beleza, que se formaram da vivência do artista. Sendo assim, ao fazer ARTE o artista não pensa, o artista sente. Pensar seria a barreira entre a observação e a ilusão.

A produção artística faz parte de uma necessidade básica do ser humano.Enquanto esta necessidade é universal e atemporal, as formas pelas quais ela se manifesta, ou seja, os tipos de arte, tanto quanto ao tema, à técnica ou ao estilo estão constantemente mudando, renovando-se no processo de criar a cada nova obra uma expressão pessoal.

Observando por este prisma, veremos que, a arte pode ser encontrada em toda parte.
Encontraremos arte desde a humanidade remota até nossos dias e, certamente, a encontraremos amanhã, pela simples necessidade de expressão artística, em todos os climas, em todas as geografias e em todas as idades.

Naturalmente fatores históricos e sociais modelam os tipos de arte, porém, desde a arte pura do homem paleolítico, passando pelos gregos arcaicos, pelas leis romanas na arte, pelo poder mágico da arte e todos os "ismos" que se seguiram. Passando pela fotografia, pelo cinema, ingressando na virtualidade da nossa época, debatendo-se com a globalização, a verdadeira arte jamais se escravizará a códigos e será sempre inovadora e capaz de falar do seu tempo.

A arte, nos seus mais diversos tipos de expressão, transgredirá o estilo preponderante de cada época e falará ao sentimento humano ainda que este se encontre vazio e sem forma.
A relação então surgida entre o sentimento do artista e o sentimento do seu público jamais poderá ser uma relação lógica entre conceitos idealizados, pois seria, não apenas para o artista criador como também para este mesmo público que a consome, asfixiante e enceguecedora.
Esta relação será sempre tão contraditória quanto à própria arte, onde cabem, conforme Frederico Moraes, "a regra e a emoção, o rigor e a intuição, a fantasia mais desbragada e o cálculo matemático".

Tipos de arte?

"A arte pode ser ruim, boa ou indiferente, mas qualquer que seja o adjetivo empregado, temos de chamá-la de arte. A arte ruim é arte, do mesmo modo como uma emoção ruim é uma emoção" Marcel Duchamp

Leiam essa critica muito interessante sobre o que é arte http://criticanarede.com/fil_tresteoriasdaarte.html .

Art Nouveau




Illustration from The Wood Beyond the World - William Morris (1894)

O estilo Art Nouveau, foi desenvolvido na Europa a partir do final do século XIX, é caracterizado pela sua ruptura com as tradições que até então persistiam excessivamente na arte e na arquitetura. Tratou-se de um estilo novo voltado para a originalidade da forma, de modo que era destituído de quaisquer preocupações ideológicas e independente de quaisquer tradições estéticas.
Pretendendo-se como nova arte, o estilo procura ainda rejeitar as formas meramente funcionais envolvidas em todos os objetos decorativos provenientes da produção em massa e adere às formas sinuosas, curvilíneas.
Portanto tal estilo teve principal influência sobre a arte decorativa do início do século e ainda sobre a arte arquitetônica, na qual grandes nomes da arquitetura moderna se utilizaram deste estilo, como por exemplo o arquiteto espanhol Gaudi.
Também na pintura, o estilo esteve relativamente presente nas obras de personalidades artísticas como Vasili Kandinsky e Franz Marc. O estilo teve seu período de sucesso entre as duas últimas décadas do século XIX e as duas primeiras do século XX, em que é substituído paulatinamente pelo estilo Art Deco e definitivamente abandonado por ser considerado um estilo já ultrapassado.




Arquitetura




Também conhecido como estilo 1900 ou o estilo Liberty, o Art Nouveau se apresenta como tendência arquitetônica inovadora do fim do século XIX, um estilo floreado, onde se destacam a linha curva e as formas orgânicas inspiradas em folhagens, flores, cisnes, labaredas e outros elementos.
O movimento teve início na Inglaterra em 1880 com William Morris (1834 - 1896) e Arthur Heygate Mackmurdo (1852 - 1942), artistas que atuavam na produção tipográfica e de têxteis. Nessa época acreditava-se que o século XIX demonstrava pouca ou nenhuma importância estética.Tentando reverter esse panorama, Morris, pintor, poeta e artesão, clamava por uma unificação de todas as artes com o propósito de mudar a estética vigente que era a simples reprodução dos estilos do passado. Os ideais de Morris influenciaram aquela geração de artistas e arquitetos a enfatizarem o propósito social do desenho, na tentativa de integrar a arte à vida cotidiana.
Dez anos mais tarde, o estilo tem sua estréia na Arquitetura, com Victor Horta (1861 - 1947) e seu projeto para a residência Tassel (1892 / 93) em Bruxelas; apresentando como características, além do uso de elementos orgânicos, as aberturas com formas irregulares, a exploração de elementos de textura e cor nos revestimentos, o uso de ferro fundido e vidro, o desenvolvimento de novos materiais e novas formas de expressão apropriadas.
O Art Nouveau pode ser interpretado como um movimento burguês de cunho revolucionário, na medida que afronta a máquina (Revolução Industrial) e sugere a renovação do contato com a natureza, pregando o uso da ferramenta de trabalho como prolongamento do corpo do artista (A arte contra a técnica).





Metrô Paris - L’Exposition Universelle à Paris







terça-feira, 8 de maio de 2007

Mulheres na pintura

Berthe Morisot e Mary Cassatt eram as duas mulheres que faziam parte do grupo impressionista.


Berthe Morisot


Pintora francesa, nasceu em Burges, filha de um oficial do governo que era um entusiasmado pintor amador e um defensor das artes. Em 1868 encontrou Manet, tornando-se modelo para ele e também sua aluna. Sob sua orientação começou a trabalhar a todo vapor e foi introduzida no círculo impressionista de Paris. Casou com o irmão de Manet em 1874. Era membro entusiástica do grupo impressionista, exibindo em sete de suas amostras e coletando seus trabalhos. Teve algum sucesso expondo de 1864 a 1873.

Fez também paisagens do mar, mas seu estilo pessoal desenvolveu-se marcadamente durante os anos de 1880 quando incluiu mulheres, crianças e vida doméstica. No final de carreira seu trabalho aproximou-se mais ao de Renoir. Morisot foi resgatada como uma das mulheres artistas esquecidas do século 19 por historiadores feministas, e como tal conseguiu mais fama em anos recentes do que em vida.




The Cradle - 1872



Eugene Manet na ilha de Wight

Mary Cassatt

Pintora norte-americana, nasceu em 1844, estudou com o pintor acadêmico Chaplin, mas quem realmente influenciou seu trabalho foram pintores como Coubert, Manet e os impressionistas. Aos 33 anos, conheceu Edgar Degas, que se tornou um grande amigo e a convidou a expor com os impressionistas. Admiradora da arte japonesa, incorporou sua simplicidade. Quando morreu, aos 82, ela, que tanto amou a luz e as cores, estava completamente cega. Filha de um banqueiro, ela incentivou seus parentes abastados a comprar pinturas impressionistas. Vendia seus trabalhos a preços módicos, porque acreditava que arte deveria ser acessível.




Seated a in a Loge




In the box - 1879

Impressionismo



A impressão do momento

O nome Impressionismo, como tantos outros exemplos na História da Arte, foi um rótulo colocado ao trabalho de um grupo de artistas que, de acordo com os críticos da época, acreditavam na impressão do momento como algo tão importante que se bastava por si mesmo, dispensando as técnicas tradicionais acadêmicas. Esses artistas realizaram inúmeras exposições em Paris entre 1874 e 1886, porém, sua aceitação pelo público foi lenta e sofrida, pela incompreensão ao trabalho realizado.




A busca da imagem ao natural


Os objetos retratados ao ar livre, sob a luz natural, eram bastante valorizados pelos impressionistas. O volume e solidez, características que a pintura tradicional pregava como fundamentais para uma obra de arte existir, começaram a ser desrespeitados, abrindo caminho para as vanguardas estéticas do Século 19.

Quanto à fidelidade com o objeto retratado, não se pode dizer que os impressionistas não a desejassem, mas buscavam essa fidelidade à sua maneira. Com efeito, os impressionistas faziam
suas pinturas fora das convenções artísticas, mas, de preferência, sob os efeitos do olhar e das mudanças da luz diária.

Impression, soleil levant (Impression, Sunrise) 1873 (210 Kb)
Oil on canvas, 48 x 63 cm (19 x 24 3/8")


A frescura da impressão que um objeto causava ao artista deveria ser captada pelas pinceladas. Os objetos retratados seriam aqueles percebidos pela visão como paisagens, retratos, cenas do cotidiano.
Duas influências foram fundamentais para o movimento: as estampas japonesas que popularizam-se na Europa no final do Século 19, com seu desrespeito à perspectiva e às normas de composição da academia ocidental (suas formas repletas de vida encantavam os impressionistas) e a invenção da fotografia.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Itaú Contemporâneo

Já na calçada do Itaú Cultural, já se nota a obra Coluna. Ela é permanentemente localizada em frente do prédio e pelo que li , agora recebeu tratamento de luz especial para ser incorporada à mostra. Na entrada, encontra- se uma maquete de todas as salas a serem percorridas e fones de ouvido com o áudio dos textos escritos por Teixeira Coelho sobre a mostra e as obras que nela serão vistas e suas ligações, muito interessante isso, pois fizemos relações de obras de autores difrentes que passam a mesma "mensagem". A escada que leva a exposição foi transformada em uma espécie de túnel negro, logo de cara nos deparamos com duas obras de Alexandre Orion.




Imagens retiradas de sites.
Alexandre Orion é designer e artista plástico, formado em Artes Visuais. Seu objetivo é questionar de forma sutil e inquietante o limite entre a ficção e a realidade, tanto do ponto de vista formal quanto conceitual. Em seu projeto, Metabiótica, ele instala grafites com figuras como a de uma mulher com lingerie ou a de um homem voando, em locais movimentados de São Paulo. Depois disso, fotografa as reações das pessoas diante das cenas. As pinturas, as pessoas e os cenários existem de verdade, não foram manipulados, estão ali diante da câmera. Seu site é be interessante para quem gostaria de se aprofundar nesse artista inovador. Vale a pena ver suas obras. http://www.alexandreorion.com


Voltando a exposição no primeiro andar,há um espaço onde salas estão separadas por cortinas de franjas e jogos de espelhos. Esse piso abriga 40 trabalhos, 15 dos quais estão pendurados a partir teto. O que mais me chamou a atenção foi um colar de Nazareth Pacheco feito com miçangas e lâminas de lancetar.


Que gerou uma incrivel discussão entre nós, os alunos, sobre o machismo, e o feminismo, achei incrivel, o que um pequeno colar pode representar (inclusive que se não observasse tão de perto nunca ia perceber que era feito de lâminas).


A mesma escada-túnel leva ao primeiro subsolo, também todo pintado de branco, como os demais espaços. Há varias obras que podem ser vistas sobre bases a uam certa altura do chão, rodeadas por uma passarela e refletidas no teto por um espelho. Concluimos que certas obras e suas interpretações são iguais em toda parte do mundo como algumas obras que vimos nesta sala. Concluindo a exposição, no segundo subsolo, com piso todo branco e o espaço separado por filós, onde se encontrava uma obra chamada o corrimão que gerou outra discussão sobre o quão livres nós somos, o instrutor nós deu a opção de percorrer o corrimão, mas querendo ou não um corrimão de certa forma ele nos "guia", e ai que começou tudo, se ele nos deu a livre opção de percorrer o caminho, porque quase todos fizemos o mesmo percusso, essa idéia nos gerou horas de discussão sobre liberdade. As obras organizadas em centenas de grupos que valorizam a iconografia, a não-arte, a beleza e a anti-forma, entre outros, todos os trabalhos expostos nessa mostra merecem ser vistos para quem deseja ter uma visão geral da arte contemporânea brasileira em seus mais múltiplos estilos. Em troca, nós provavelmente iremos refletir e redefinir nossas noções do que deve ou não ser considerado obra de arte. Para quem tem curiosidade tá ai um vídeo do Jornal da Gazeta sobre a exposição. http://www.youtube.com/watch?v=ELYD161wq3g